Contrariedades e certezas Voltar

PEQUENAS CONTRARIEDADES E GRANDES INCERTEZAS

O estabelecimento de qualquer opinião, crítica ou eventual situação capaz de denotar uma contrariedade ?s pretensas discussões vigentes têm se mostrado o caminho mais fácil para se atingir a detestável condição classificatória e bin?ria de contr?rio ou favor?vel.

Esta advertência inicial, em um mundo de patentes incertezas nos campos filos?ficos, sociais e humanit?rios, evidencia o fato de que n?o existem apenas duas situa?es a serem examinadas. As reflex?es, muitas vezes, n?o se estabelecem por regras singelas e pessoais, tampouco se finalizam um determinismos, a? exemplo do finalista pessimismo instalado em rela??o ?s institui?es brasileiras e os velhos jarg?es de que todos somos iguais no fracasso e na aus?ncia de esperan?a.

Neste pequeno mundo dos entendimentos e das cren?as em verdades muito pr?ximas de nossos pr?prios umbigos, vimos bater as nossas provincianas portas pol?ticas a not?cia de que nossos vizinhos se encontram listados, classificados e remetidos a aprecia??o judici?ria, em foros privilegiados ou n?o, em poss?veis situa?es descritas ou n?o como condutas t?picas ou delitivas.

Aqueles que cruzamos nas ruas maltratadas de S?o Jos? do Rio Preto, nos pr?dios p?blicos envelhecidos, nos estabelecimentos comerciais vazios de pessoas e repletos de ?ndices econ?micos e recess?o, agora, est?o em jornais nacionais, falados e escritos, e nas redes sociais sob o esc?rnio partid?rio, polarizados, classificados e previamente julgados pelos ju?zes ?de ocasi?o e oportunidade.

A sensa??o, at? ontem, se assemelhava a cren?a da pequena tribo da Polin?sia, descrita por Paulo Francis, de que o mundo tinha pouca import?ncia e menor ainda a relev?ncia das experi?ncias com as bombas at?micas testadas, na d?cada de cinquenta, pelos franceses no mar do pac?fico, porque o que nos incomodava, a exemplo da pequena tribo, eram os barulhos dos avi?es bombardeiros.

N?o se tratava de m?ope vis?o, ?mas de algo que jamais nos incomodaria e quando muito a culpa seria sempre dos outros, o mesmo inferno dos outros na teatral condi??o de fracasso afetivo dos pequenos burgueses em Sartre.

A leitura de jornais, as not?cias das m?dias televisivas, internet, facebook, grupos grandes e pequenos, whats, instagran, n?o foram capazes de afastar o manifesto inc?modo causado pelas nossas ?nfimas condi?es de prejulgadores e de algozes da sociedade pretensamente impura e maculada pela mais contagiosa das doen?as, a corrup??o.

A sociedade, oculta nos meios impessoais de comunica??o, de modo lament?vel, se esqueceu do fato de que n?o podemos instalar eletronicamente, na pra?a central de nossas rela?es sociais e morais, a guilhotina, a pena de morte, as gal?s eternas e o degredo.

Por pior que se possa parecer ou por mais lento e mais suscet?vel que se tenha evidenciado, ainda, s?o imperiosos o devido processo legal, a ampla defesa e todos os seus meios a sua concretiza??o, e, por mais demorado e frustrante, n?o se pode conviver, em uma sociedade justa e democr?tica, sem o devido e inadi?vel processo legal.

??????????????????????? N?o se tratam, neste pequeno mundo riopretense e neste limitado tempo da mem?ria transit?ria dos esc?ndalos nacionais, de nossos vizinhos, conhecidos e de quem falamos e cruzamos em eventos sociais, mas de se assegurar, de modo impessoal e legal, a perman?ncia do estado democr?tico, social e de direito, que se constr?i permanentemente, se destr?i de forma cont?nua, e, por mais uma vez, com a paci?ncia de um movimento de entropia, novamente se constr?i e se destr?i, tudo em dire??o a forma??o continua da humanidade e todos os seus indiv?duos.

??????????????????????? O desgastado direito de defesa n?o se trata de mero discurso, mas de efetiva? condi??o humana e pol?tica, determinante? do nosso pr?prio crescimento como seres capazes de afastar a viol?ncia, a barb?rie e a conclus?o pela derrocada da verdade em detrimento do justo e do adequado.

??????????????????????? Continuamos a n?o ter qualquer certeza sobre o futuro ou mesmo sobre o surgimento ou n?o de uma nova quest?o ideol?gica, mas a perpetua??o da sociedade, das raz?es humanit?rias, da valoriza??o do solid?rio e da inafastabilidade de uma justi?a adequada, legal e necess?ria continuam imposs?veis de se submeterem a segrega??o e ao esquecimento.

??????????????????????? Erraremos, por muito tempo, pelas pra?as, festas e shoppingcenters ?da rio preto de hoje e de ontem, mas com a certeza que n?o estamos em uma pequena ilha idealizada e eletr?nica, mas somos parte de uma sociedade, que ainda acredita e deve acreditar na busca da verdade real, na efetividade dos valores decorrentes da justi?a, no razo?vel e, se imposs?vel for, at? mesmo na proporcionalidade das reprimendas, pois o humano se sobrep?e sempre ao temer?rio justi?amento.

??????????????????????? S?o Jos? do Rio Preto, 14 de abril de 2017.

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??????????????????????? CARLOS SIM?O NIMER


Materia publicada no Di?rio da Regi?o 15/04/2017
http://www.diariodaregiao.com.br/blogs/artigos/contrariedades-e-certezas-1.685721

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